10 abr O custo de ter e o custo de não ter
Uma das maiores missões do meu trabalho, é trazer clareza sobre as situações. O benefício da clareza é para ser usado nas tomadas de decisão da vida, que sempre teremos que fazer não importando quão novo ou velho estejamos. Costumo falar que independente da decisão, se tomada com completa clareza tende a ser a melhor para aquele momento. Dito isso, vou tratar com vocês alguns exemplos sobre este tema voltado para o custo das coisas. Tomarei o cuidado de entender que cada um é único e que somos influenciados pelas circunstâncias do nosso momento. Não desejo ser juiz, apenas apresentar dados e fatos. Mas a primeira clareza é que tudo tem um custo, a grande sacada é saber trabalhar o equilíbrio para enxergá-lo de forma imparcial.
Moradia
Vocês já pararam para pensar que morar tem custo? Não importa se for comprando ou alugando há um custo para se morar. A cultura brasileira é muito forte nesse tema e tendendo para o imóvel comprado, o famoso “sonho da casa própria”. Embutido nele está o argumento referente à risco: se tudo der errado pelo menos tenho minha casa. E realmente é muito bom saber que temos um lar para voltar, um porto seguro para se abrigar das
tormentas da vida. Mas qual o custo de se ter uma moradia? A maioria esmagadora da população brasileira opta pelo financiamento. Financiamento nada mais é que uma dívida, uma compra parcelada com juros. Tudo que você compra e paga juros está pagando um percentual a mais para ter um benefício que não teria condições de ter no presente. O bem não é seu ainda, só será quando terminar de pagar.
Vou dar 2 exemplos que já trabalhei:
Exemplo 1: Um casal de menos de 30 anos, noivos, planos de casamento, num momento de afirmação de carreira. Comprar uma apartamento de 550 mil financiado por 30 anos ou alugar? Teriam 150 mil para dar de entrada. Usei média de juros de financiamento imobiliário, baseado em 2017, de 10% ao ano. Este casal no final do financiamento estaria pagando em média 3 vezes o valor financiado. Olhando apenas os cálculos, existe a opção de, com planejamento e disciplina, morarem de aluguel, num apartamento equivalente, e com o mesmo dinheiro terem o apartamento em 13 anos ao invés de 30 (quem ficou intrigado pode me contatar que explico com detalhes). Olhando o contexto de vida do casal, será que não precisam investir mais na carreira? Até mesmo para melhorar a renda futura? Será que investir num imóvel nessa circunstância é o melhor negócio para o plano de vida deles? A clareza ajuda na decisão e sempre estimulo olhar sob o ângulo da vida, os números ajudam mas quem decide é a vida. Optaram por alugar.
Exemplo 2: Dois cozinheiros, 45 anos, sempre moraram de aluguel e querem comprar uma casa onde pretendem produzir alimentos para vender. Os valores serão os mesmos do exemplo anterior (para ficar fácil a comparação). Olhando o contexto de vida do casal, estão num momento de consolidação e empreendimento, vão juntar a realização de dois sonhos, a casa com o negócio próprio. Não tem planos de mudança, o assentamento é mais definitivo até mesmo para criação da marca própria. Para o plano de vida deles, será a compra uma boa opção independente do financiamento? Talvez se encaixe melhor que no exemplo anterior. Optaram por comprar.
Carro
Outro assunto polêmico. Nossa cultura automobilística também é forte. Qual o custo de ter um carro? Características gerais: bem não durável, ele sofre desvalorização, em geral financiado (pagamos juros), a manutenção, seguro, combustível, estacionamento e obrigações legais. Olhando só os números é um péssimo negócio. As parcelas do financiamento são calculadas sobre o valor da compra, só que esse valor vai sofrer desvalorização mas as minhas parcelas não. Estou pagando a mais (juros) para ter a menos (desvalorização). Mas como eu já disse, tudo tem um custo e aqui é o custo do transporte. Eu pago para me locomover, seja de trem, metrô, ônibus, carro, etc, e o sistema de transporte público brasileiro em geral não é eficiente.
Eu preciso de transporte para lazer e gerar minha renda, seja ir para o trabalho, estudar ou usar o veículo para vendas, visitas a clientes e outros tantos que justificam a necessidade. Portanto nesse quesito a clareza vai ajudar na “Contabilidade mental”, que é mais ou menos assim:
“Ah meu carro já tem 3 anos e o custo da manutenção vai ficar mais caro, o melhor é comprar outro”;
“Se a parcela cabe vou fazer”;
“Já que vou comprar, quero um melhor, a parcela vai ser a mesma é só esticar o tempo”;
“Não aguento mais transporte público, com um pouco a mais vale o conforto”.
Seguindo essa linha, por exemplo, um jovem no primeiro emprego tem que ter certeza que compensa e consegue arcar com todas as despesas do carro, não apenas com o benefício da liberdade e do contexto emocional do primeiro veículo. E hoje em dia existem variáveis novas como os aplicativos de transporte, renovando o conceito de táxi, aplicativos de caronas e os aluguéis de carro por ano. Outras estão saindo do forno como o compartilhamento de carro. Tudo isso para ajudar a se situar de verdade, ver se não está comprometendo muito o seu futuro pelo seu presente.
Planejamento
Quanto custa ter planejamento? O custo de ter Planejamento Financeiro Pessoal especializado é muito maior que somente o serviço, existe o custo de tempo e o custo emocional. Você precisa dedicar tempo para seu plano de vida, tem que ser formal e intencional, senão vai ser só uma fagulha. Você terá o custo emocional de se descobrir, de tentar coisas novas, de aceitar o desafio para realmente atingir seu melhor. Serão aplicados técnicas e métodos que ajudam a ter visão e disciplina para alcançar suas metas de vida.
Qual o preço por não ter planejamento? O custo das más decisões, feitas sem a devida clareza, sem o devido amparo, são enormes. Por exemplo, previdência privada é um produto com muitas características próprias, ignorá-las pode custar sua qualidade de vida na aposentadoria. Pagar juros achando que está fazendo um bom negócio pode comprometer seu poder de atingir todos objetivos que quer. Às vezes passa batido o quanto pagamos a mais para ter as mesmas coisas. Esse é o preço que é cobrado, sem percebermos, pela falta de educação financeira voltada para a vida.
A frase célebre do ex presidente uruguaio José Mujica representa muito bem o custo das coisas: “Você não paga com dinheiro, você paga com o tempo de vida que gastou para conquistar aquele dinheiro”. E vocês, me falem o que acham do custo que pagam por ter ou não ter certas coisas, se está tudo bem, se tem alguma opinião diferente ou sugestão, na vida não existe regra mas às vezes nossa clareza é questionável.
Graduado em Administração, Pós-Graduado em Gerenciamento de Projetos, Certificações internacionais em Projetos e Riscos, Planejador Financeiro e de Vida.
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